Um deles fixou o singular achado e exclamou, irritadiço:
- Não perderei tempo! A hora exige cuidado para comigo mesmo. Sigamos à frente.
O outro, porém, mais piedoso, considerou:
- Amigo, salvemos o pequenino. É nosso irmão em humanidade.
-
Não posso, disse o companheiro endurecido. Sinto-me cansado e doente.
Este desconhecido seria um peso insuportável. Precisamos chegar à
aldeia próxima sem perda de minutos. E avançou para adiante em largas
passadas.
O
viajante de bom sentimento, contudo, inclinou-se para o menino
estendido, demorou-se alguns minutos, colando-o paternalmente ao próprio
peito, e aconchegando-o ainda mais, marchou adiante, embora mais
lentamente.
A
chuva gelada caiu metódica pela noite adentro, mas ele, amparando o
valioso fardo, depois de muito tempo, atingiu a hospedaria do povoado
que buscava.
Com enorme surpresa, porém, não encontrou o colega que havia seguido na frente.
Somente no dia seguinte, depois de minuciosa procura, foi o infeliz viajante encontrado sem vida numa vala do caminho alagado.
Seguindo
a pressa e a sós, com a idéia egoísta de preservar-se, não resistiu a
onda de frio que se fizera violenta, e tombou encharcado, sem recursos
com que pudesse fazer face ao congelamento.
Enquanto
que o companheiro, recebendo em troca o suave calor da criança que
sustentava junto do próprio coração, superou os obstáculos da noite
frígida, salvando-se de semelhante desastre.
Descobrira
a sublimidade do auxílio mútuo. Ajudando o menino abandonado, ajudara a
si mesmo. Avançando com sacrifício para ser útil a outrem, conseguira
triunfar dos percalços do caminho, alcançando as bênçãos da salvação
recíproca.
"O auxílio ao próximo sempre será o seu melhor investimento."
Alex Cardoso de Melo
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