Exatamente
por causa de sua surdez, ele era pouco sociável. Enquanto pôde,
escondeu o fato de sua audição estar comprometida. Evitava as pessoas,
porque a conversa se lhe tornara uma prática difícil e humilhante. Era o
atestado público da sua deficiência auditiva.
Certo
dia, um amigo de Beethoven foi surpreendido pela morte súbita de seu
filho. Assim que soube, o músico correu para a casa dele, pleno de
sofrimento.
Beethoven
não tinha palavras de conforto para oferecer. Não sabia o que dizer.
Percebeu, contudo, que num canto da sala havia um piano.
Durante
30 minutos, ele extravasou suas emoções da maneira mais eloqüente que
podia. Tocou piano. Ao contato dos seus dedos, as teclas acionadas
emitiram lamentos e melodiosa harmonia de consolo.
Assim
que terminou, ele foi embora. Mais tarde, o amigo comentou que nenhuma
outra visita havia sido tão significativa quanto aquela.
Por
vezes, nós também, surpreendidos por notícias muito tristes ou
chocantes, não encontramos palavras para expressar conforto ou
consolação.
Chegamos
ao ponto de não comparecer ao enterro de um amigo, por sentir "não ter
jeito" para dizer algo para a viúva ou os filhos órfãos.
Não
vamos ao hospital, visitar um enfermo do nosso círculo de relações,
porque nos sentimos inibidos. Como chegar? O que levar? O que dizer?
Aprendamos com o gesto do imortal Beethoven. Na ausência de palavras, permitamos que falem os nossos sentimentos.
"Não existe verdadeira inteligência sem bondade." - Ludwig van Beethoven
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