terça-feira, 29 de maio de 2012

*A negociação e o diálogo nas relações amorosas: harmonia e equilíbrio na fruição do amor.




 A negociação e o diálogo revelam-se como a base real para a construção de relacionamentos consistentes, densos, únicos e capazes de fazer valer o encontro entre pessoas, não importando qual seja a finalidade específica do relacionamento. Contudo, é no relacionamento romântico que os efeitos da negociação e do diálogo poderão ser melhor usufruídos ou a sua ausência mais profunda e drast...icamente sentida.

Os conflitos num relacionamento amoroso são atribuídos, na sua maioria, ao desconhecimento, muitas vezes somado ao desrespeito das próprias potencialidades e das limitações de cada pessoa na relação. Em tais casos pode-se verificar que se estabelece algo que denominamos de MEDIÇÃO DE FORÇA E DE PODER nas relações de amor. Cada par da relação tenta dominar o outro e impor sua “filosofia de vida”, não deixando ao Outro espaço para sequer pensar em outras possibilidades de se viver a relação com respeito e carinho, abertura e enraizamento. Um tenta, ou ambos tentam, dominar e subjugar o Outro fazendo desaparecer o universo interior e as alteridades da pessoa que diz amar. Cada um tenta impor o seu “ponto-de-vista” ao Outro de forma direta ou muitas vezes sutil. Esta “guerra fratricida” instalada na relação amorosa é o principal instrumento do desencontro psico-afetivo, das brigas, de contendas eternas no seio da relação, de separações e conflitos, sendo também o principal empecilho à negociação e ao diálogo.

O diálogo e a negociação surgem do profundo respeito que cada um tem por si mesmo, aliado a um também profundo e enraizado conhecimento de suas próprias limitações e potencialidades. Quando isso acontece com as pessoas dentro de uma relação amorosa podemos afirmar, com certeza, que qualquer que seja a pauta estabelecida para o diálogo, o resultado será de ganho para ambos. A NEGOCIAÇÃO E O DIÁLOGO SÃO, PORTANTO, INSTRUMENTOS RELACIONAIS CUJA UTILIZAÇÃO ESTABELECE A EQUAÇÃO DE GANHO MÚTUO COMO PRESSUPOSTO INALIENÁVEL. Nesta postura de abertura e diálogo franco e autêntico não há a prevalência de pontos de vista, mas tão somente a partilha e o congraçamento de experiências e de aprendizado, com vista a uma convivência pacífica e harmoniosa, pois ambos já aprenderam que só nesta condição as limitações de cada um estarão sendo respeitadas e as potencialidades poderão fluir de maneira construtiva, libertária, criativa e curativa.

A negociação, por estar afeta às limitações e potencialidades mútuas, jamais poderá ser determinista ou estanque no tempo. Pelo contrário, ela estará sempre se transformando, pois seu poder não está vinculado a fantasias de onipotência ou de onisciência, mas profundamente arraigado na plasticidade da vida. Assim, qualquer que seja o resultado alcançado num dado momento, o poder do diálogo e da negociação se manifestam permanentemente para a revisão de termos e para o restabelecimento de metas e táticas favoráveis à estratégia da consecução da construção relacional a dois. Aqui, cada parte está muito atenta ao próprio crescimento, do qual não abre mão, e está profundamente sensível ao crescimento da outra parte.

O diálogo constitui, enfim, o cerne da boa convivência e da autêntica relação amorosa. Assim, podemos afirmar que apenas os casais que se encontram no estágio da negociação e do diálogo, não importando se numa nova relação ou no reatamento de uma antiga, estão, se não completamente dentro, a um passo do relacionamento real de amantes sinceros e harmônicos. Lembre-se que o relacionamento de amantes é visto aqui como aquele no qual as partes envolvidas se unem para partilhar completude e inteireza interiores num relacionamento romântico.

Lembre-se que as pessoas que se amam só tomam a decisão de ficar juntas porque estão inteiramente livres para ir ou ficar. Relacionamento que diz ser amoroso em todos os sentidos precisa ser sempre libertário e curativo, precisa trazer as pessoas que nele estão celebração e gratificação. Sempre! Somente quando somos completamente livres e curados dentro de uma relação de amor é que podemos tomar decisões sensatas de ir ou ficar. Livres para ir; real certeza de desejar ficar. Só com tal disposição interior pode se estabelecer uma real parceria a dois. Isso explica porque só os amantes podem verdadeiramente vivenciar uma relação romântica, pois só quem assume a própria liberdade e cura interior sabe o valor que esses estados d’alma têm para o Outro e só quem está na autonomia de si mesma pode ser capaz de decidir ou ficar numa determinada relação.


*Trecho do livro --- com pequenas adaptações de Alexandre Lima --- de autoria de Marcos Alves, RELACIONAMENTO A DUAS: ENCONTROS E DESENCONTROS. Marcos Alves é psicólogo/psicoterapeuta, PhD em Psicologia Transpessoal.

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