segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Nas despedidas, aprendi a dizer "Até logo!"

Desapegar faz parte do entender de que ninguém é dono de ninguém, que cada um tem de seguir seu caminho, juntos ou não. Foi o destino quem decidiu que nesse momento a vida segue. As barreiras foram mais fortes. A despedida falou mais alto. Mas faz parte da vida os "olá" e os "até logo!"
Se despedir não é fácil. Nunca foi e nunca vai ser. Pelo menos para mim não, eu nunca soube lidar. Eu que sempre fui pela vida forçada a me despedir, tive que compreender que não estará mais próximo a mim aquela pessoa de quem eu tanto me cativei.
Eu tentei gravar com meus dedos cada curva e sinais que o corpo dele tinha, para de alguma forma arquivá-lo dentro de mim, mas só isso não foi o bastante. Enquanto ele dormia bonito, eu o admirava como criança quando avista o seu super herói. Como é engraçado o meu benzinho, sabe?! Como foi ruim dizer "tchau!"
Posso recordar o primeiro dia em que o vi, posso recordar cada sorriso tímido que ele dava ao rir de alguma bobagem que me dizia. Que sorriso lindo! Que olhos lindos! Tenho certeza absoluta, que mesmo que eu perdesse a memória, eu me apaixonaria por eles mil e uma vez.
Não é fácil conhecer um alguém, conviver com esse alguém, criar emoções e momentos e como um corte umbilical, ter que se ver despedindo dessa pessoa. Eu tive vontade de permanecer ali o abraçando por toda minha vida. Mas a vida, essa moleca, sempre nos prepara situações como essa, em que o nó na garganta trava as palavras, parece que as lágrimas vão nos afogar e a vista já embaçada, a vista por reflexo a pessoa indo embora.
Eu quis gritar com todas as minhas forças "FICA", mas me calei por compreender as circunstâncias que a vida tem.
Quisera eu ter o poder de controlar as coisas, mas graças a Deus é Ele o dono de todas as coisas, Ele bem sabe o que cada qual deve passar, vivenciar, enfrentar. Você pode esperar... Vai ter sempre um momento da sua vida que você vai desejar se desligar de tudo. Vai haver um momento que seu coração vai vibrar de tanta alegria.
Ninguém passa por nossas vidas por acaso, cabe nós mesmos compreendermos ou não essa chegada, essa partida. Deus sabe o que cada um precisa quando cruza as vidas.
E por não termos o controle, é que com o passar do tempo as coisas vão se acalmando, os dias, os anos, os acontecimentos vai dando novos rumos as vidas que um dia se cruzaram. A vida continua. As vidas são distintas. Ele de um lado e eu do outro.
E sabe por quê a gente sente tanta saudade de um alguém? Porque essa pessoa conseguiu tocar o mais intimo do nosso ser, do nosso sentimento. Ela nos torna especial diante de seus olhos, nos trata como ninguém jamais tratou. Há um encantamento.
A pessoa passa e deixa um pouco de si, mas também leva um pouco de nós. O que fazer com o que ficou? Só o tempo irá dizer. Como Saint Exupéry disse no livro O Pequeno Príncipe, "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." E é verdade! Não tem como apagar o que aconteceu, só mesmo armazenar, se assim ambos não conseguiram concilhar uma reciprocidade.
Não importa o tempo que a pessoa permaneceu junto, mas sim a intensidade. Não há regras quando se trata de sentimentos.
Desapegar faz parte do entender de que ninguém é dono de ninguém, que cada um tem de seguir seu caminho, juntos ou não. Foi o destino quem decidiu que nesse momento a vida segue. As barreiras foram mais fortes. A despedida falou mais alto. Mas faz parte da vida os "olá" e os "até logo!"
Uma certa vez conversando com Deus eu somente pude agradecer por ter conhecido um alguém tão maravilhoso, um alguém que pode me afetar tanto positivamente. Que trouxe a primavera no inverno. Que me proporcionou momentos muito especias. Ele vai, e junto com ele um pedaço de mim. Sim, porque ele se fez parte da minha vida. Vá! Vai com Deus. Obrigada por tudo!
Até logo! Volte sempre!

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Felicidade Silenciosa

Penso que a felicidade silenciosa é aquela mais egoísta, sabe? Alguns momentos de contemplação da vida que merecem ser divididos com poucos, ao invés de serem lançados no vento para muitos. A felicidade silenciosa é como um bem valioso – você não sai desfilando com ela pendurada no pescoço. Você guarda numa caixa de jóias dentro do coração. Para estes casos de felicidade silenciosa, não precisa de registro oficial. Quando eu ficar bem velhinha, quero lembrar-me de como eu me senti, e não de quantas fotos tirei. E para isso a minha atenção tem que ser dedicada.

“Felicidade é discreta, silenciosa e frágil, como a bolha de sabão. Vai-se muito rápido, mas sempre se podem assoprar outras.” Rubem Alves
Certa vez viajei para um paraíso na costa da Austrália, e após alguns dias sem dar notícias, uma amiga me escreveu preocupada: “E aí, não está gostando da viagem?” – não entendendo a pergunta, respondi prontamente, “Poxa, é claro que estou. Da onde você tirou essa ideia?”. Ela então, concluiu sua lógica – “ah, é que você não postou nada a respeito, achei que não estivesse se divertindo”. A lógica dela, que é a lógica da maioria (incluindo a minha), me fez pensar. Estaríamos tão acostumados a propagar nossa alegria, que desaprendemos a reconhecer a felicidade silenciosa?
Felicidade silenciosa. É assim que eu chamo aqueles momentos da vida em que não faz a menor diferença se o celular tem bateria ou não. Sabe? A turma certa, a beira de praia perfeita, o boteco no meio da semana, o sítio com os irmãos, os lençóis cheios de delícias, o livro novo, o dia de ser boa companhia pra si mesma(o). Momentos onde a beleza de ser e estar é tão sublime, que ninguém fora destes pequenos universos precisa ficar sabendo. Talvez ela aconteça por medo de que os holofotes ofusquem quem enxerga estas maravilhas. Ou ainda por conta de quem teme o olho gordo. A minha teoria reina na simplicidade da distração. Felicidade silenciosa ocorre por pura distração. Algo do tipo, “opa, esqueci de viver o online pros outros, enquanto vivia o offline pra mim”.
“Ora, ora, não seja hipócrita!”. Sim. É claro que as fotos da minha viagem estão no meu perfil, obvio que eu faço check-in em lugares bacanas e divido meus momentos de emoção com minha audiência preferida em inúmeras ocasiões. Sem dúvidas sou uma daquelas pessoas que gosta de compartilhar onde foi, o que viu, como viveu. Todo mundo é um pouco assim. Entretanto, verdade também é que nada me distrai mais que a felicidade silenciosa. Eu adoro me perder em ruas que desconheço mundo afora e memorizar os cheiros e as sensações. Eu deixo o celular fora do quarto pra me perder nas curvas de alguém que me tira a atenção. Amo e prefiro contar minhas aventuras pessoalmente, pra aqueles que gostam de me ouvir vendo a emoção nos meus olhos e não no brilho de uma tela. Quando não me encontram no celular, quem me conhece já sabe e canta a pedra “está por aí aprontando alegria e sendo feliz!”. E estão certos.
Felicidade silenciosa para os outros, mas que clama dentro da alma. Eu sei que quando a gente está feliz, quer gritar essa condição aos quatro cantos do mundo e que nos dias de hoje a tarefa de fazê-lo realmente é possível. Preste atenção, entretanto, que a felicidade silenciosa se basta em existir. Sobrevive dos sussurros de amor e juras menos dramáticas. É propagado em grupos menores, entre abraços que falam mais que palavras. Não precisa de conexão wi-fi. Não é transmitida em um tweet e certamente não tem filtros. Ela é pura. Sincera e por vezes tão rara. Então não se deixe distrair pelos gritos de euforia no mainstream da felicidade pública. Preste atenção na felicidade silenciosa. O resto é só barulho.

Antônia Macchi


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Recomeçar


Dar o primeiro passo para começar mais uma vez não é fácil. É querer se reerguer e estar disposto ao novo. Levantar depois da tempestade, é para quem se impõe diante da dor, do desassossego, enquanto que, os menos capazes, nem sequer tentarão dar um passo adiante, apenas lamentarão os seus desesperos.
O recomeço é o caminho árduo para aqueles que perderam tudo ou parte de suas vidas. Não é nada fácil superar o choro, a tristeza. Não é fácil enxugar as lágrimas, tentar um sorriso com vontade e seguir adiante. Não é fácil deixar para trás, se as memórias insistem caminhar com o presente. Nada é fácil, mas se faz possível quando decidimos não perder mais tempo com o que deu errado, nos machucou ou nos tirou o chão.
Devemos insistir que precisamos ser melhores, mais amados, mais acreditados e mais respeitados, mesmo que seja doído demais deixar para trás. A vontade de vencer os problemas, a dignidade e o sofrimento nos ensinam lições de vida. O recomeço não está apenas no levantar e seguir, não! O recomeço está na mudança de dentro para fora, quando o coração implora menos desatino e a alma grita por libertação.
Recomeçar implica em mudança, é um refletir libertador em tentar uma vida melhor. Recomeçar é ter olhar crítico sobre o passado e ir. É olhar com liberdade e dignidade o que partiu deixando saudade ou não. O passado, segue com nós, para nos lembrarmos dos sucessos e derrotas; do que foi bom ou não, e o que não devia ser...
Cometemos enganos, nos machucamos, mas não devemos permitir que, as lembranças de um passado marcante, bem resolvido ou de sofreguidão seja um martírio. Devemos recomeçar para não ficarmos trancados no quarto escuro da escravidão, em que, as limitações e os insucessos, impedem a vontade de seguirmos.
Os recomeços felizes também existem: ir morar sozinha, o novo emprego, a casa nova, mudar de cidade, ir para outro país... Recomeços felizes exigem de nós: disciplina, dedicação, controle e discernimento. Recomeçar a vida é dar bom dia para mais uma perspectiva, é viver a novidade de um novo caminho. Não podemos nos entregar a miséria de permanecermos na dor, na apatia, na tristeza, pois, é preciso audácia para viver a vida, e vontade de querer um mundo melhor todos os dias.
Ninguém deve aceitar a derrota como a última opção, mas que seja um impulso para se levantar e mudar, mais uma vez, o script das próximas cenas da vida. Que recomeçamos quantas vezes forem necessárias. E, a cada tentativa, que vou ser mais feliz desta vez, seja uma promessa sem cair na tentação da frustração.
Que possamos comungar nossos recomeços diários, quando abrimos nossos olhos pela manhã e, o sol lá fora, tímido ou não, possa iluminar nossa existência, mesmo que os nossos corações estejam chorando desamores, dores, insucessos e insensatezes.
Que possamos ter uma vida cheios da vontade de sermos felizes, porque recomeçamos mais uma vez, todos os dias.

Simone Guerra