terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Curtir a vida

O que significa "curtir a vida?" O termo passou a ser usado a partir dos anos 1960 e tem a ver com um melhor aproveitamento do tempo livre.

Até os anos 1960 a mentalidade era formada mais que tudo para a produção e o trabalho: as pessoas se orgulhavam dos sacrifícios que faziam.

O lado lúdico da vida, as férias e a boa qualidade de vida, ocupam espaço crescente na mente das pessoas: as conversas giram em torno disso.

A mente voltada mais que tudo para o trabalho se pergunta "para qual finalidade?" Só interessam as ações que visam atingir uma meta pratica.

O grande prazer quando estamos no universo do "para quê?" é o sucesso: o fato de atingirmos e/ou superarmos as metas a que nos propusemos.

No universo do "porque é gostoso", que é o da curtição, não existe competição séria (salvo na prática de alguns esportes): o prazer é a meta.

Muitos dos que foram treinados de acordo com o "para quê?" só conseguem se livrar disso através do uso de álcool, drogas... Aí não é legal.


Flávio Gikovate

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

AFINIDADE




Não é o mais brilhante,
mas é o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
Não importa o tempo, a ausência,
os adiantamentos, a distância,
as impossibilidades.

Quando há AFINIDADE,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa,
o afeto, no exato ponto
de onde foi interrompido.

AFINIDADE
é não haver
tempo mediante a vida.
É a vitória do adivinhado sobre o real,
do subjetivo sobre o objetivo,
do permanente sobre o passageiro,
do básico sobre o superficial.

Ter AFINIDADE é muito raro,
mas quando ela existe,
não precisa de códigos
verbais para se manifestar.
Ela existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece depois que as
pessoas deixam de estar juntas.

AFINIDADE
é ficar longe,
pensando parecido a
respeito dos mesmos fatos que
impressionam, comovem, sensibilizam.

AFINIDADE
é receber o que vem
de dentro com uma aceitação
anterior ao entendimento.

AFINIDADE
é sentir com...
Nem sentir contra, sem sentir para...
Sentir com e não ter necessidade de
explicação do que está sentindo.
É olhar e perceber.

AFINIDADE
é um sentimento singular,
discreto e independente.
Pode existir a quilômetros de distância,
mas é adivinhado na maneira de falar,
de escrever,
de andar,
de respirar.....

AFINIDADE
é retomar a relação
no tempo em que parou.
Porque ele (tempo) e
ela (separação) nunca existiram.
Foi apenas a oportunidade dada (tirada)
pelo tempo para que a maturação
pudesse ocorrer e que cada
pessoa pudesse ser cada vez mais.
Arthur da Távola

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


A permanência em uma zona de conforto que nos faz estagnado pode estar em oposição aos nossos reais interesses racionais; isso é destrutivo.

Vejo forte componente autodestrutivo naquelas pessoas que se deixam levar pela preguiça: curtem hoje e comprometem dramaticamente o futuro!

A preguiça pode ser natural. Porém, o desejo de aprender e de prosperar, que deriva da razão, também é próprio da nossa condição de humanos.

É muito útil saber que todos temos um inimigo interno que age de forma sutil: a consciência de sua existência permite que limitemos sua ação.

É preciso muita cautela com nossos processos destrutivos: eles nos propõem um presente muito gratificante, mas a "conta" virá lá na frente.
Flávio Gikovate

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Quem desdenha, quer comprar

Quem tem uma percepção mais aguçada do comportamento humano, entende perfeitamente o que o ditado quem desdenha quer comprar quer dizer.

Num nível superficial, mais comercial, quer dizer obviamente que o comprador está desmerecendo o produto que quer adquirir para conseguir um preço melhor por ele. Mas o ditado quer dizer também que, num nível mais profundo, quem desdenha é invejoso. E, ressentido por não ter o que quer, e orgulhoso por não assumir sua infelicidade por estar sem seu objeto de desejo, prefere criticar o que não tem, tentando reduzir os méritos do objeto criticado, para tentar demonstrar que não ter o que gostaria não é tão ruim assim.
Só os mais bobinhos do que o desdenhador não percebem essa jogada. Os espertos sacam na hora.
Você pode criticar o que for, mas tenha o cuidado de observar se, no fundo, você não gostaria de ter o que critica, ou estar onde critica, ou com quem critica.
Nesse caso, talvez seja melhor permanecer em silêncio.
Ou tomar o cuidado de mentir direitinho, de modo que até você mesmo desconfie que realmente não deseja para si o que está condenando.

Ronaud Pereira