sábado, 26 de junho de 2010

Posso Errar??


Há pouco tempo fui obrigada a lavar meus cabelos com o xampu “errado”. Foi num hotel, onde cheguei pouco antes de fazer uma palestra e, depois de ver que tinha deixado meu xampu em casa, descobri que não havia farmácia nem shopping num raio de 10 quilômetros. A única opção era usar o dois-em-um (xampu com efeito condicionador) do kit do hotel. Opção? Maneira de dizer. Meus cabelos, superoleosos, grudam só de ouvir a palavra “condicionador”. Mas fui em frente. Apliquei o produto cautelosamente, enxaguei, fiz a escova de praxe e... surpresa! Os cabelos ficaram soltos e brilhantes — tudo aquilo que meus nove vidros de xampu “certo” que deixei em casa costumam prometer para nem sempre cumprir.


Foi aí que me dei conta do quanto a gente se esforça para fazer a coisa certa, comprar o produto certo, usar a roupa certa, dizer a coisa certa — e a pergunta que não quer calar é: certa pra quem? Ou: certa por quê?

O homem certo, porexemplo: existe ficção maior do que essa? Minha amiga se casou com um exemplar da espécie depois de namorá-lo sete anos. Levou um mês para descobrir que estava com o marido errado. Ele foi “certo” até colocar a aliança. O que faz surgir outra pergunta: certo até quando? Porque o certo de hoje pode se transformar no equívoco monumental de amanhã. Ou o contrário: existem homens que chegam com aquele jeito de “nada a ver”, vão ficando e, quando você se assusta, está casada — e feliz — com um deles.

E as roupas? Quantos sábados você já passou num shopping procurando o vestido certo e os sapatos certos para aquele casamento chiquérrimo e, na hora de sair para a festa, você se olha no espelho e tem a sensação de que está tudo errado? As vendedoras juraram que era a escolha perfeita, mas talvez você se sentisse melhor com uma dose menor de perfeição. Eu mesma já fui para várias festas me sentindo fantasiada. Estava com a roupa “certa”, mas o que eu queria mesmo era ter ficado mais parecida comigo mesma, nem que fosse para “errar”.

Outro dia fui dar uma bronca numa amiga que insiste em fumar, apesar dos problemas de saúde, e ela me respondeu: “Eu sei que está errado, mas a gente tem que fazer alguma coisa errada na vida, senão fica tudo muito sem graça. O que eu queria mesmo era trair meu marido, mas isso eu não tenho coragem. Então eu fumo”. Sem entrar no mérito da questão — da traição ou do cigarro — concordo que viver é, eventualmente, poder escorregar ou sair do tom. O mundo está cheio de regras, que vão desde nosso guarda-roupa, passando por cosméticos e dietas, até o que vamos dizer na entrevista de emprego, o vinho que devemos pedir no restaurante, o desempenho sexual que nos torna parceiros interessantes, o restaurante que está na moda, o celular que dá status, a idade que devemos aparentar. Obedecer, ou acertar, sempre é fazer um pacto com o óbvio, renunciar ao inesperado.

O filósofo Mario Sergio Cortella conta que muitas pessoas se surpreendem quando constatam que ele não sabe dirigir e tem sempre alguém que pergunta: “Como assim?! Você não dirige?!”. Com toda a calma, ele responde: “Não, eu não dirijo. Também não boto ovo, não fabrico rádios — tem um punhado de coisas que eu não faço”. Não temos que fazer tudo que esperam que a gente faça nem acertar sempre no que fazemos. Como diz Sofia, agente de viagens que adora questionar regras: “Não sou obrigada a gostar de comida japonesa, nem a ter manequim 38 e, muito menos, a achar normal uma vida sem carboidratos”. O certo ou o “certo” pode até ser bom. Mas às vezes merecemos aposentar régua e compasso.
 
 Leila Ferreira

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Persistência é tudo


Muita gente acha que é difícil começar uma caminhada.

Pessoalmente penso diferente.
Para mim, mas difícil que iniciar é continuar...
De começos o mundo está cheio: os que começam um casamento, os que começam a abandonar um vício,
os que iniciam o aprendizado de uma língua e por aí vai.
Ir em frente é mais complicado.
Exige persistência e muita força de vontade.
Requer que nós olhemos para trás com sentimento de satisfação pela experiência adquirida e não com remorso ou sensação de arrependimento.
Que nós tenhamos sonhos, mas que não vivamos de sonhos.
Que choremos, mas não deixemos as lágrimas turvarem nossa visão.
Que escutemos os outros, mas que não desistamos de fazer o que julguemos certo, por causa deles.
Tudo isso de tão simples parece coisa de criança. E é mesmo!
Antes de aprendermos a andar precisamos: cair muitas vezes, nos machucar, chorar, ser motivo de riso,
e nem por isso tudo desistimos ou deixamos de levantar.
Nisso temos muito que aprender com as crianças.
Elas "sabem" que antes de dar os primeiros passos, é preciso ficar de pé, e antes disso é preciso engatinhar.
Que precisamos das pessoas para servir de apoio, mas, que elas não são bengalas e nós não somos aleijados.
Se todas as pessoas soubessem disso teríamos bem menos fracassados no mundo.
Gente que poderia atingir grandes coisas, mas que desiste no meio do caminho.
Diante disso só temos a agradecer a predisposição para certos aprendizados na infância.
Se fosse o contrário, para que viver?
Mas vale a pena!!!

domingo, 20 de junho de 2010

Pão com manteiga


Conta a história de um casal que tomava café da manhã no dia de suas bodas de prata.

A mulher passou a manteiga na casca do pão e o entregou para o marido, ficando com o miolo.
Ela pensou:
"Sempre quis comer a melhor parte do pão, mas amo demais o meu marido e, por 25 anos, sempre lhe dei o miolo. Mas hoje quis satisfazer meu desejo..
Acho justo que eu coma o miolo pelo menos uma vez na vida".
Para sua surpresa, o rosto do marido abriu-se num sorriso sem fim e ele lhe disse:
"Muito obrigado por este presente, meu amor... Durante 25 anos, sempre desejei comer a casca do pão, mas como você sempre gostou tanto dela, jamais ousei pedir!"

Moral da história:

1. Você precisa dizer claramente o que deseja, não espere que o outro adivinhe...

2. Você pode pensar que está fazendo o melhor para o outro,
mas o outro pode estar esperando outra coisa de você....

3. Deixe-o falar, peça-o para falar e quando não entender,
não traduza sozinho. Peça que ele se explique melhor.

4. Esse texto pode ser aplicado não só para relacionamento entre casais,
mas também para pais/filhos, amigos e mesmo no trabalho..

PS: Tão simples como um pão com manteiga!

A felicidade não é um lugar aonde chegaremos um dia, é uma forma de vida, é uma maneira de caminhar !

sábado, 19 de junho de 2010

TREINAMENTO PARA O PERDÃO


A fim de colimares a excelência do perdão aos que te ofendem, mister te adestres mediante antecipados critérios e exercícios contínuos.

Habitua-te a iniciar o dia com a mente ligada ao Senhor, através dos fios invisíveis e poderosos da oração.
Não te descuides de ler uma página mensageira de otimismo, capaz de produzir júbilo no teu mundo íntimo.
Reprime as observações menos dignas, as apreciações fúteis, as referências deprimentes e maliciosas.
Estimula a conversação edificante e quando não possas faze-lo, reserva-te silêncio discreto, propiciatório a reflexões salutares.
Todo labor para alcançar êxito impõe a necessidade de uma técnica própria, de uma diretriz segura.
Indispensável exercitar-te mentalmente para o cometimento do perdão, a que estás chamado a cada instante.
Treina, então, a paciência, disciplinando a vontade e aprimorando a indulgência.
Não te permitas autocomiseração ou personalismo prejudicial.
Cada ser é o que constrói interiormente.
A vida sempre devolve o que recebe. Tem cuidado.
O acusador gratuito e o perseguidor sistemático podem converter-se, sem que o saibam, em benfeitores valiosos. Aproveita-os.
Temperamentos e caracteres humanos há que produzem mais e melhor, quando fiscalizados ou submetidos a rigoroso controle.
Quem conhece a verdade, sempre consegue lograr benefícios em todas as situações, se desejar agir com acerto.

Olha em derredor:

. a primavera perfumada pode ser considerada como o perdão da Natureza ao rigor hibernal;

. o grão perdoa a terra que o esmaga, arrebentando-se em flor e fruto;

. o trigo agradece à mó que o tritura, transformando-se em pão. . .

Apura os sentidos e perceberás as respostas de Nosso Pai, através de convites ao amor, à beleza, à harmonia.
Integra-te no concerto de Suas bênçãos e quando fores visitado pelo sofrimento que alguém te imponha por qualquer razão, com facilidade perdoarás.

[Joanna de Ângelis]

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Samambaia e o Bambu


Certo dia decidi dar-me por vencido.
Renunciei ao meu trabalho, às minhas relações, e à minha fé.
Resolvi desistir até da minha vida.
Dirigi-me ao bosque para ter uma última conversa com Deus.
“Deus, eu disse:
Poderias dar-me uma boa razão para eu não entregar os pontos?”
Sua resposta me surpreendeu:
“Olha em redor Estás vendo a samambaia e o bambu?”
“Sim, estou vendo”, respondi.
Pois bem. Quando eu semeei as samambaias e o bambu, cuidei deles muito bem.
Não lhes deixei faltar luz e água.
A samambaia cresceu rapidamente.
Seu verde brilhante cobria o solo.
Porém, da semente do bambu nada saía.
Apesar disso, eu não desisti do bambu.
No segundo ano, a samambaia cresceu ainda mais brilhante e viçosa.
E, novamente, da semente do bambu, nada apareceu.
Mas, eu não desisti do bambu.
No terceiro ano, no quarto, a mesma coisa…
Mas, eu não desisti.
Mas… no quinto ano, un pequeno broto saiu da terra.
Aparentemente, em comparação com a samambaia, era muito pequeno , até insignificante.
Seis meses depois, o bambu cresceu mais de 50 metros de altura.
Ele ficara cinco anos afundando raízes.
Aquelas raízes o tornaram forte e lhe deram o necessário para sobreviver.
“A nenhuma de minhas criaturas eu faria um desafio que elas não pudessem superar”
E olhando bem no meu íntimo, disse:
Sabes que durante todo esse tempo em que vens lutando, na verdade estavas criando raízes?
Eu jamais desistiria do bambu.
Nunca desistiria de ti.
Não te compares com outros”.
“O bambu foi criado com uma finalidade diferente da samambaia, mas ambos eram necessários para fazer
do bosque um lugar bonito”.
“Teu tempo vai chegar” disse-me Deus.
“Crescerás muito!”
Quanto tenho de crescer? perguntei.
“Tão alto como o bambu?” foi a resposta.
E eu deduzi: Tão alto quanto puder!
Espero que estas palavras possam ajudar-te a entender que Deus nunca desistirá de ti.
Nunca te arrependas de um dia de tua vida.
Os bons dias te dão felicidade.
Os maus te dão experiência.
Ambos são essenciais para a vida.
A felicidade te faz doce.
Os problemas te mantêm forte.
As penas te mantêm humano.
As quedas te mantêm humilde.
O bom êxito te mantém brilhante.
Mas, só Deus te mantém caminhando...

terça-feira, 8 de junho de 2010

Bons Conselhos



Escrito por Regina Brett, 90 anos de idade, em The Plain Dealer, Cleveland, Ohio

"Para celebrar o meu envelhecimento, certo dia eu escrevi as 45 lições que a vida me ensinou.
É a coluna mais solicitada que eu já escrevi."
Meu hodômetro passou dos 90 em agosto, portanto aqui vai a coluna mais uma vez:
1. A vida não é justa, mas ainda é boa.
2. Quando estiver em dúvida, dê somente, o próximo passo, pequeno .
3. A vida é muito curta para desperdiçá-la odiando alguém.
4. Seu trabalho não cuidará de você quando você ficar doente. Seus amigos e familiares cuidarão. Permaneça em contato.
5. Pague mensalmente seus cartões de crédito.
6. Você não tem que ganhar todas as vezes. Concorde em discordar.
7. Chore com alguém. Cura melhor do que chorar sozinho.
8. É bom ficar bravo com Deus. Ele pode suportar isso.
9. Economize para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.
10. Quanto a chocolate, é inútil resistir.
11. Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalha o presente.
12. É bom deixar suas crianças verem que você chora.
13. Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que é a jornada deles.
14. Se um relacionamento tiver que ser um segredo, você não deveria entrar nele.
15. Tudo pode mudar num piscar de olhos. Mas não se preocupe; Deus nunca pisca.
16. Respire fundo. Isso acalma a mente.
17. Livre-se de qualquer coisa que não seja útil, bonito ou alegre.
18. Qualquer coisa que não o matar o tornará realmente mais forte.
19. Nunca é muito tarde para ter uma infância feliz. Mas a segunda vez é por sua conta e ninguém mais.
20. Quando se trata do que você ama na vida, não aceite um não como resposta.
21. Acenda as velas, use os lençóis bonitos, use roupa chic. Não guarde isto para uma ocasião especial. Hoje é especial.
22. Prepare-se mais do que o necessário, depois siga com o fluxo.
23. Seja excêntrico agora. Não espere pela velhice para vestir roxo.
24. O órgão sexual mais importante é o cérebro.
25. Ninguém mais é responsável pela sua felicidade, somente você..
26. Enquadre todos os assim chamados "desastres" com estas palavras 'Em cinco anos, isto importará?'
27. Sempre escolha a vida.
28. Perdoe tudo de todo mundo.
29. O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
30. O tempo cura quase tudo. Dê tempo ao tempo..
31. Não importa quão boa ou ruim é uma situação, ela mudará.
32. Não se leve muito a sério. Ninguém faz isso.
33. Acredite em milagres.
34. Deus ama você porque ele é Deus, não por causa de qualquer coisa que você fez ou não fez. 35. Não faça auditoria na vida. Destaque-se e aproveite-a ao máximo agora.
36. Envelhecer ganha da alternativa -- morrer jovem.
37. Suas crianças têm apenas uma infância.
38. Tudo que verdadeiramente importa no final é que você amou.
39. Saia de casa todos os dias. Os milagres estão esperando em todos os lugares.
40. Se todos nós colocássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos todos os outros como eles são, nós pegaríamos nossos mesmos problemas de volta.
41. A inveja é uma perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.
42. O melhor ainda está por vir.
43. Não importa como você se sente, levante-se, vista-se bem e apareça.
44. Produza!
45. A vida não está amarrada com um laço, mas ainda é um presente.

domingo, 6 de junho de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Feliz por nada

Geralmente, quando uma pessoa exclama Estou tão feliz!, é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava ou algo do tipo.
Há sempre um porquê. Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingimento de metas. Muito melhor é ser feliz por nada.
Digamos: feliz porque maio recém começou e temos longos oito meses para fazer de 2010 um ano memorável.
Feliz por estar com as dívidas pagas.
Feliz porque alguém o elogiou.
Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses.
Feliz porque você não magoou ninguém hoje.
Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.
Esquece.
Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.
Feliz por nada, nada mesmo?
Talvez passe pela total despreocupação com essa busca.
Essa tal de felicidade inferniza. "Faça isso, faça aquilo".
A troco?
Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?
Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros.
Mas não estando alegre, é possível ser feliz também.
Não estando "realizado", também.
Estando triste, felicíssimo igual.
Porque felicidade é calma. Consciência.
É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer comigo?
Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.
Benditos os que conseguem se deixar em paz.
Os que não se cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos.
Apenas fazem o melhor que podem.
Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento.
De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre.
Adequação e liberdade simultaneamente? É uma senhora ambição.
Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust.
Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria.
Que mania de se autoconhecer. Chega de se autoconhecer.
Você é o que é, um imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja isso.

Martha Medeiros

quarta-feira, 2 de junho de 2010

A ÁRVORE GIGANTESCA

Um carpinteiro e seus auxiliares viajavam pela província de Qi, em busca de material para construções.
Viram uma árvore gigantesca; cinco homens de mãos dadas não conseguiam abraçá-la, e seu topo era tão
alto que quase tocava as nuvens.
-- Não vamos perder nosso tempo com esta árvore -- disse o mestre carpinteiro.
-- Para cortá-la, demoraremos muito.
Se quisermos fazer um barco, ele afundará, de tão pesado o seu tronco.
Se resolvermos usá-la para a estrutura de um teto, as paredes terão que ser exageradamente resistentes.
O grupo seguiu adiante. Um dos aprendizes comentou:
-- É uma árvore tão grande e não serve para nada!
-- Você está enganado -- disse o mestre carpinteiro.
-- Ela seguiu seu destino à sua maneira.
Se fosse igual às outras, nós já a teríamos cortado.
Mas porque teve coragem e ser diferente, permanecerá viva e forte por muito tempo

terça-feira, 1 de junho de 2010

POR QUE AS PESSOAS SOFREM

A netinha pergunta a vovó:
- Vovó, por que as pessoas sofrem?
- Como é que é ?
- Por que as "pessoas grandes" vivem bravas, irritadas, sempre preocupadas com alguma coisa ?
- Bem, minha filha, muitas vezes, porque elas foram ensinadas a viver assim.
(silêncio)
- Vó...
- Oi...
- Como é que as pessoas podem ser ensinadas a viver mal?
Não consigo entender.
- Por que elas não percebem que não foram ensinadas a serem infelizes, e não conseguem mudar o que as torna assim.
Você não está entendendo, não é, meu amor?
- Não, Vovó.
- Você lembra da historinha do Patinho Feio?
- Lembro.
- Então... o patinho se considerava feio porque era diferente de todo mundo.
Isso deixava-o muito infeliz e perturbado, tão infeliz que um dia ele resolveu ir embora e viver sozinho.
Só que o Lago que ele procurou para nadar tinha congelado, e estava muito frio.
Quando ele olhou para seu reflexo no lago, percebeu que ele era, na verdade, um maravilhoso cisne.
E assim se juntou aos seus iguais e viveu feliz para sempre.
(mais silêncio)
- O que isso tem a ver com a tristeza das pessoas?
- Bem, quando nascemos, somos separados de nossa "natureza-cisne".
Ficamos como patinhos, tentando caber no que os outros dizem que está certo e passamos muito tempo tentando
virar patos.
- É por isso que as pessoas grandes estão sempre irritadas?
- Isso! Viu como você é esperta?
- Então é só a gente perceber que somos cisnes que tudo dá certo?
(engasgou)
- O que foi vovó?
- Na verdade, minha filha, encontrar o nosso verdadeiro espelho não é tão fácil assim.
Você lembra o que o patinho precisava fazer para se enxergar?
- O que?
- Ele primeiro precisava parar de tentar ser um pato.
Isso significa parar de tentar ser quem a gente não é.
Depois, ele aceitou ficar um tempo sozinho para se encontrar.
- Por isso ele passou muito frio, não é, vovó?
- Passou frio e ficou sozinho no inverno.
- É por isso que o papai anda tão sozinho e bravo?
- Como é, minha filha?
- Meu pai está sempre bravo, sempre quieto com a música e a televisão dele.
Outro dia ele estava chorando no banheiro... (emudeceu durante algum tempo).
Essas crianças...
- Vó, o papai é um cisne que pensa que é um pato?
- Todos nós somos, querida.
- Ele vai descobrir quem ele é de verdade?
- Vai, minha filha, vai.
Mas, quando estamos no inverno, não podemos desistir, nem esperar que o espelho venha até nós.
Temos que procurar ajuda até encontrarmos.
- E aí, viramos cisnes?
- Nós já somos cisnes.
Apenas não deixamos que o cisne venha para fora, e tenha espaço para viver.
(A menina deu um pulo da cadeira).
- Aonde você vai?
- Vou contar para o papai, o cisne bonito que ele é.
A boa vovó apenas sorriu!
Que um dia possamos descobrir o BELO CISNE que existe dentro de nós.