quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A vida após os cinquenta

Para os quarentões, cinquentões e outros fudidões
Se você já passou dos cinquenta, prepare-se porque logo, logo, vai começar a sofrer de TPC.
Para quem não está ligando o nome à coisa,explico: TENSÃO PÓS CINQUENTA.
Só os homens sentem isso, porque mulher não faz cinquenta nunca! No máximo...49!
Console-se, porque todo mundo um dia vai envelhecer.
Lembra-se de quando você tinha vinte anos? Você sofria por bobagens, como ter que usar creme anti-acne? Agora tem que usar gel para dor muscular e pomada para hemorroidas...
Você se apaixonava e achava que o teu coração te maltratava? Experimenta subir correndo um lance de escada agora...
O que é uma fimose diante de uma artrose?
O que é um band-aid, diante de um emplastro?
O pior é quando você percebe que ao invés de ter quatro membros flexíveis e um duro, passou a ter quatro membros duros e um mole!
O problema maior já não é aquela primeira vez que você não consegue dar a segunda e sim a segunda vez que você não consegue dar a primeira!
Agora, você nem se importa mais em tirar a roupa e não provocar desejo, não provocando riso, já tá ótimo!
Aliás, sexo depois dos cinquenta, se você conseguir, é que nem pizza... mesmo ruim, tá bom!
Os médicos dizem que sexo depois dos cinquenta é importantíssimo! Ajuda na circulação sanguínea, nos batimentos cardíacos e que deve ser praticado no mínimo três vezes por semana!
Então você pergunta:
-Com quem?
E, se você for casado, então... não existe a menor possibilidade que isso aconteça!
E se for solteiro e coroa, também não.
E ainda dizem que depois dos cinquenta o homem fica mais sexy...só se for sex agenário..
Mas se você estiver solteiro, pode conseguir casar depois dos cinquenta e fazer sua lista de casamento numa farmácia...
Dizem que a vida começa aos quarenta... Verdade!
Só que em vez de um pediatra, você começa a frequentar um geriatra...
Em vez do teste do pézinho...vai ganhar o teste do dedinho: Um bom exame de próstata!
Depois dos cinquenta o romantismo muda para reumatismo... Mas, você pode correr atrás do prejuízo. Corra numa esteira, num parque, não importa...
DICA:
Depois da corrida, tome um açaí com prozac e meio viagra.
Sua depressão vai desaparecer na hora...se você não morrer!

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Viajar...

Muita gente diz que adora viajar, mas depois que volta só recorda das coisas que deram errado. Sendo viajar um convite ao imprevisto, lógico que algumas coisas darão errado, faz parte do pacote. Desde coisas ingratas, como a perda de uma conexão ou ter a mala extraviada, até xaropices menos relevantes, como ficar na última fila da plateia do musical ou um garçom mal-humorado não entender o seu pedido. Ainda assim, abra bem os olhos e veja onde você está: em Fernando de Noronha, em Paris, em Honolulu, em Mykonos. Poderia ser pior, não poderia?
Outro dia uma amiga que já deu a volta ao mundo uma dezena de vezes comentou que lamentava ver alguns viajantes tão blasés diante de situações que costumam maravilhar a todos. São os que fazem um safári na Namíbia e estão mais preocupados com os mosquitos do que em admirar a paisagem, ou que estão à beira do mar numa praia da Tailândia e não se conformam de ter esquecido no hotel a nécessaire com os medicamentos, ou que não saboreiam um prato espetacular porque estão ocupados calculando quanto terão que deixar de gorjeta.

Não saboreiam nada, aliás. Estão diante das geleiras da Patagônia e não refletem sobre a imponência da natureza, estão sentados num café em Milão e não percebem a elegância dos transeuntes, entram numa gôndola em Veneza e passam o trajeto brigando contra a máquina fotográfica que emperrou, visitam Ouro Preto e não se emocionam com o tesouro da arquitetura barroca – mas se queixam das ladeiras, claro.

Vão à Provence e torcem o nariz para o cheiro dos queijos, olham para o céu estrelado do Atacama sofrendo com o excesso de silêncio, vão para Trancoso e reclamam de não ter onde usar salto alto, vão para a India sem informação alguma e aí estranham o gosto esquisito daquele hamburger: ué, não é carne de vaca, bem? Aliás, viajar sem estar minimamente informado sobre o destino escolhido é bem parecido com não ir.

Estão assistindo a um show de música no Central Park, mas não tiram o olho do Ipad. Vão ao Rio, mas têm medo de ir à Lapa. Estão em Buenos Aires, mas nem pensar em prestigiar o tango – “programa de velho!” São os que olham tudo de cima, julgando, depreciando, como se o fato de se entregar ao local visitado fosse uma espécie de servilismo – típico daqueles que têm vergonha de serem turistas.

É muito bacana passar um longo tempo numa cidade estrangeira e adquirir hábitos comuns aos nativos para se sentir mais próximo da cultura local, mas quem pode fazer essas imersões com frequência? Na maior parte das vezes, somos turistas mesmo: estamos com um pé lá e outro cá. Então, estando lá, que nos rendamos ao inesperado, ao sublime, ao belo. Nada adianta levar o corpo pra passear se a alma não sai de casa.
Martha Medeiros

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A raiva que constrói

Quando alguém nos magoa e nos faz sofrer, o que acontece? Ou se fica magoada e se sofre, o que em grande parte das vezes termina em depressão, ou se fica com muita raiva. Mas a raiva – foi o que nos ensinaram – é um sentimento feio, baixo, que pessoas superiores não devem ter. Vamos discordar: uma boa raiva pode ser saudável e faz muito bem à pele, ao coração e à alma. Além de que, em certas horas, ninguém está fazendo a menor questão de ser superior. Conseguir ter raiva e passar recibo do que está sentindo é excelente para a saúde física e mental; a depressão leva a gente para a cama, tira a vontade de tudo e conduz à inércia. Já a raiva leva a gente a fazer coisas, mesmo que sejam coisas erradas. Na depressão, você não se levanta nem para ir ao cabeleireiro; já na hora da raiva, você pinta o cabelo de vermelho e, ainda que fique péssimo, é bem mais bacana que ficar prostrada olhando para o teto.
Exemplos são sempre ótimos: se uma mulher é abandonada por um homem, entre o desespero e o ódio, o que é melhor? O ódio, claro. Por raiva e ódio, as pessoas seguem em frente só para dar um bom troco e mostrar que não é qualquer coisa – como um mal de amor – que as derruba. Quem foi o sábio que disse que viver bem é a vingança mais eficiente? A primeira providência de uma mulher com raiva é pensar: “Como é que vou me vingar?”. Para começar, mostrando que não está sofrendo. Para isso, é preciso estar na sua melhor forma, razão mais do que suficiente para perder aqueles 3 quilinhos, comprar um vestido novo, voltar a usar salto alto. Parece bobagem? Pois não é. Dificilmente você vai ver uma mulher se equilibrando num salto oito com depressão. De salto, automaticamente se encolhe a barriga, se levanta o queixo e os ombros ficam na posição certa, desafiando o mundo. E não é perfeito estar assim, em vez de arrasada? Uma coisa leva a outra: por sentimentos nobres, como o amor-próprio, o orgulho e a vaidade – e a raiva –, não se deixa a peteca cair em público, e com isso vem o hábito de não deixar a peteca cair nunca. Reflita: se você é normal, deve ter raiva de alguém. O que pode fazer para irritar esse alguém? Ficar linda, ter sucesso, ser vista sorrindo, vibrando – ser feliz, enfim.
Digamos que você seja uma desenhista de moda e que esteja sem a menor inspiração para criar a próxima coleção. Faz o quê? Pense numa pessoa que você detesta – por justa causa, é claro – e imagine que glória realizar um trabalho que seja elogiado, que faça com que você se torne a melhor de todas. Só de fantasiar esse delicioso prazer, toda a criação vai fluir fácil, como nunca aconteceu – só de raiva. A cada vez que for ao jornaleiro da esquina, lembre que pode se encontrar com ele – aquele que fez você sofrer tanto. E ele vai ver como você está muito mais linda agora, sem ele; deve estar sendo bem tratada, vai cogitar. E pode ser o máximo encontrar na esquina outro alguém que a faça “feliz para sempre”, pelo menos por uns tempos. Ou não? Por isso, querida, quando vier aquela raiva cega, aquela vontade de gritar, de xingar, de matar, transforme toda essa energia a seu favor. Assim como o amor constrói para a eternidade, a raiva pode construir a prazo bem mais curto – e de superior e inferior, afinal, todos nós temos um pouco. É uma delícia ter uma boa raiva; sobretudo, muito construtivo

Danuza Leão

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PAZ QUE TRAGO EM MEU PEITO



A paz que trago hoje em meu peito é diferente da paz que eu sonhei um dia...
Quando se é jovem ou imaturo, imagina-se que ter paz é poder fazer o que se quer, repousar, ficar em silêncio e jamais enfrentar uma contradição ou uma decepção.
Todavia, o tempo vai nos mostrando que a paz é resultado do entendimento de algumas lições importantes que a vida nos oferece.
A paz está no dinamismo da vida, no trabalho, na esperança, na confiança, na fé...
Ter paz é ter a consciência tranqüila, é ter certeza de que se fez o melhor ou, pelo menos, tentou...
Ter paz é assumir responsabilidades e cumpri-las, é ter serenidade nos momentos mais difíceis da vida.
Ter paz é ter ouvidos que ouvem, olhos que vêem e boca que diz palavras que constroem.
Ter paz é ter um coração que ama...
Ter paz é brincar com as crianças, voar com os passarinhos, ouvir o riacho que desliza sobre as pedras e embala os ramos verdes que em suas água se espreguiçam...
Ter paz é não querer que os outros se modifiquem para nos agradar, é respeitar as opiniões contrárias, é esquecer as ofensas.
Ter paz é aprender com os próprios erros, é dizer não quando é não que se quer dizer...
Ter paz é ter coragem de chorar ou de sorrir quando se tem vontade...
É ter forças para voltar atrás, pedir perdão, refazer o caminho, agradecer...
Ter paz é admitir a própria imperfeição e reconhecer os medos, as fraquezas, as carências...
A paz que hoje trago em meu peito é a tranqüilidade de aceitar os outros como são, e a disposição para mudar as próprias imperfeições.
É a humildade para reconhecer que não sei tudo e aprender até com os insetos...
É a vontade de dividir o pouco que tenho e não me aprisionar ao que não possuo.
É melhorar o que está ao meu alcance, aceitar o que não pode ser mudado e ter lucidez para distinguir uma coisa da outra.
É admitir que nem sempre tenho razão e, mesmo que tenha, não brigar por ela.
A paz que hoje trago em meu peito é a confiança naquele que criou e governa o mundo...
A certeza da vida futura e a convicção de que receberei, das leis soberanas da vida, o que a elas tiver oferecido.
Às vezes, para manter a paz que hoje mora em teu peito, é preciso usar um poderoso aliado chamado silêncio.
Lembra-te de usar o silêncio quando ouvir palavras infelizes.
Quando alguém está irritado.
Quando a maledicência te procura.
Quando a ofensa te golpeia.
Quando alguém se encoleriza.
Quando a crítica te fere.
Quando escutas uma calúnia.
Quando a ignorância te acusa.
Quando o orgulho te humilha.
Quando a vaidade te provoca.
O silêncio é a gentileza do perdão que se cala e espera o tempo, por isso é uma poderosa ferramenta para construir e manter a paz.

EMMANUEL



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Prazeres femininos

As mulheres, em algum momento da vida, enfrentam um dilema: "Será que eu largo tudo para ficar com ele?" Já os homens, para ficar com a gente, nunca precisam largar nada.
Mulheres casadas, quando se apaixonam por outro homem, têm que tomar várias decisões, sendo que a primeira é deixar a casa, aliás, o lar, e os filhos.
Essa história é meio mal contada pelos maridos, é claro: elas apenas trocam de vida e não estão largando filho nenhum.
Mesmo que depois eles passem os fins de semana, de 15 em 15 dias, com os pais, isso não é abandono.
A vida estará apenas mudando, como acontece com tudo o tempo todo.
Já os homens estão sempre na boa: nunca precisam optar.
Quando a vida toma outros rumos, geralmente têm o poder econômico em suas mãos o que ajuda bastante, pegam um avião e levam os filhos para passar um finzinho de semana em Miami, o que atenua qualquer sensação de ter abandonado o tal do lar.
Homens não precisam escolher entre a profissão e a família; mas, se uma superexecutiva casada e com filhos for transferida para Washington por dois anos, o marido vai largar o trabalho ou ela é quem vai ter que decidir entre a carreira e o casamento?
Agora, o contrário: se ele tiver a oportunidade de passar uma temporada num país estrangeiro, qual será a opinião dos amigos? "Ah, que ótimo para as crianças, vão aprender outra língua."
E quanto ao trabalho dela, que mesmo não sendo importantíssimo segue em franca ascensão?
Ora, ora, quando voltar pode começar tudo de novo e enquanto estiver morando fora terá chance de aproveitar vários cursos, de história da arte a pintura em porcelana.
Os homens, às vezes, só matando. Eles, quando têm que viajar dois dias a trabalho, limitam-se a pedir que ela faça uma sacolinha básica para levarem.
Já as mulheres têm que deixar a casa organizada e os filhos com alguém, que nunca é o pai, controlando se fizeram os deveres, se foram ao dentista e sem esquecer de manter a geladeira cheia. Mesmo assim, vão ter que telefonar umas 18 vezes por dia para ver se está tudo em ordem.
Ah, como deve ser bom ser homem. Liberdade mesmo, só eles sabem como é.
Mulheres fazem tudo o que eles fazem, porém com remorso e culpa.
Daqui a umas 12 gerações talvez não, mas até lá vão continuar a fazer e a sofrer.
Já os homens estão tão acostumados a poder tudo que jamais conhecerão o grande prazer de mesmo com culpa fazer o que não pode.
Por exemplo, encontrar um desconhecido num bar e tomar um drinque, coisa que as ditas mulheres sérias não têm o direito de ousar.
Dizer e ouvir tudo o que uma moça correta não deveria e ir às últimas conseqüências com quem bem entender, mesmo sentindo remorso; afinal, os direitos são iguais ou alguém vai negar isso?
Mas por que a graça dessas coisas é tão maior para as mulheres do que para os homens? Porque para elas há o grande prazer, que é o da transgressão.
Os homens, como têm direito a tudo, nunca transgridem e não sabem o que estão perdendo. Porque transgredir é das melhores coisas da vida.

Danuza Leão

terça-feira, 23 de outubro de 2012

TORRADAS QUEIMADAS

Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho, muito duro.

Naquela noite, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastantes queimadas, defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.

Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado.
Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada.
E eu nunca esquecerei o que ele disse:
“- Adorei a torrada queimada..."
Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada.
Ele me envolveu em seus braços e me disse:

" - Companheiro, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro, talvez nem o melhor pai, mesmo que tente todos os dias!
O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros. 
Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos, os dois, a suprir um as falhas do outro. Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando.
Ela não sabe usar a furadeira, mas após minhas reformas, ela faz tudo ficar cheiroso, de tão limpo. Eu não sei fazer uma lasanha como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu. Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem reclamar.
A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apóia, eu e ela nos completamos. Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes. Não que mais tarde, o dia que um partir, este mundo vá desmoronar, não vai. Novamente teremos que aprender e nos adaptar para fazer o melhor.
De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos.
Então filho, se esforce para ser sempre tolerante, principalmente com quem dedica o precioso tempo da vida, à você e ao próximo.”

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

É preciso acreditar na felicidade....

· Não importa onde eu estou, de onde eu venho, mas onde eu quero e vou chegar.
· Hoje você pode estar lá encima, mas se distrair pode cair rápido e feio.
· O que vai determinar o seu futuro é o seu son...

ho. É saber colocá-lo em prática.
· Ajude as pessoas a serem felizes.
· Mais importante do que ter dinheiro é ter amigos.
· Quando a tua vitória significa a vitória dos outros, eles vão te aplaudir no sucesso.
· Não tenha piedade de si mesmo. Envolva-se, arrisque-se.
· Você está onde merece.
· Perdedor: reclama, dá desculpa e acusa. Vencedor: decide, planeja e realiza.
· Na hora da morte 90 % estão arrependidos da maneira como viveram.
· Três coisas que as pessoas se arrependem diante da morte:
· Não ter amado muito
· Não ter curtido os filhos
· Não ter ido à busca de seus sonhos
· A vida não engana ninguém.
· A felicidade é formada por coisas simples: amigos, amor, família, lealdade, respeito e dignidade.

  Blog Femme Digitale

Pensamentos secretos


Será que alguém conhece alguém de verdade? Nunca aconteceu de morrer uma pessoa de sua família e começarem a rolar - à boca pequeníssima - umas histórias que você jamais imaginou, nem em sonhos? Amores secretos, traições, heranças mal resolvidas - e sexo, claro. Aliás, nem é preciso esperar que a pessoa morra. Se tiver uma tia bem indiscreta, daquelas consideradas loucas pela família - e quem não tem uma tia assim? -, vai saber de histórias que nunca imaginou que existissem, a não ser na cabeça de Nelson Rodrigues. Quais são as pessoas mais próximas a você? Teoricamente, seus pais e seus filhos. E você acha que sabe como eles são, as coisas que já fizeram ou que são capazes de fazer? Se respondeu sim, sem hesitar, cuidado: está passando o maior recibo de ingênua, e tudo indica que pode ser enrolada a qualquer momento, por qualquer um. Aquela senhora tão distinta e aquele senhor tão considerado: não dá para acreditar que tenham experimentado os desejos mais violentos por outros/outras que não o próprio cônjuge. E mais: já imaginou que eles, mesmo com a cabeça branca e tão sensatos, já fizeram loucuras e transaram com tanta paixão quanto todas as pessoas do mundo?

Você, por exemplo? Pense um pouco: será que seus pais têm uma vaga idéia do que já foi capaz de aprontar? E acha que eles são diferentes? Por quê? No mínimo, por uma questão de DNA, vocês têm alguma coisa em comum. Mas é difícil para um pai admitir a sexualidade dos filhos; tanto quanto para um filho admitir a sexualidade dos pais. No fundo, todos gostaríamos que eles - nossos pais e nossos filhos - apreciassem música clássica e se unissem a pessoas de sentimentos nobres, com quem tivessem filhos bonitos e inteligentes, de preferência como a Virgem Maria: sem sexo. É claro que somos modernos e esclarecidos, vivemos a época da pílula e da liberação sexual, tivemos a sorte de ser da geração pré-aids - e aliás aproveitamos -, mas em relação a nossos pais continuamos tão caretas quanto se vivêssemos no século retrasado. E em relação a nossos filhos também.

Bem, agora que ficou claro que não conhecemos nem nossos pais nem nossos filhos, responda: e você, se conhece perfeitamente? Quando deita a cabeça no travesseiro tem a coragem de pensar - só pensar - em seus desejos mais secretos? Ou se enrola e toma um Lexotan para evitar esse tipo de pensamento? Eles são tão perigosos que podem ser pecaminosos; quem não se lembra do tempo em que era criança e se ajoelhava para confessar aqueles grandes pecados de quando se tem 10 anos? Sempre surgia aquele inevitável "pequei por pensamentos", que nos acompanha pela vida inteira. Ah, a culpa pelos maus pensamentos; e que maus pensamentos são esses? Ter desejado a mulher - ou homem - do próximo? E desejar um homem que não tem dono, pode? E quem é que está assim tão solto na vida para que se possa desejar sem pecar? Ah, o tal do pecado.

Danuza Leão

domingo, 21 de outubro de 2012

QUANDO CHEGAR


"Quando chegar aos 30
serei uma mulher de verdade
nem Amélia num ninguém
um belo futuro pela frente
e um pouco mais de calma talvez

e quando chegar aos 50
serei livre, linda e forte
terei gente boa ao lado
saberei um pouco mais do amor
e da vida quem sabe

e quando chegar aos 90
já sem força, sem futuro, sem idade
vou fazer uma festa de prazer
convidar todos que amei
registrar tudo que sei
e morrer de saudade."

Martha Medeiros

sábado, 20 de outubro de 2012

Trem - Bala




 Quando a novela Pantanal entrou no ar, foi aquele susto. Cenas que duravam dez minutos, sem cortes. Tomadas contemplativas da natureza. Longos banhos de rio, um pássaro sobrevoando as árvores em solow motion, o olhar sonolento...
de um jacaré exausto. Os índices do Ibope dispararam. O povo, acostumado com a estética do videoclipe, aquele frenesi de imagens picotadas, finalmente descansava em frente à televisão.

A vida lenta é como uma novela que passou anos atrás e que só pode ser resgatada pela memória: não existe mais. Não há mais tempo para closes. Não há paciência para uma paisagem, para um deslumbramento, para um silêncio. Ao menos não aqui, nos trilhos urbanos, onde todos assistem à vida passar como se estivessem na janela de um TGV.

Os trens de longa distância não têm romantismo, não param em cada estação nem são ambientes propícios para a investigação de um Hercule Poirot, pois não daria tempo de descobrir quem é o assassino. As distâncias foram encurtadas. Chegamos rápido ao nosso destino. Já não há prazer no percurso, estamos constantemente cumprindo metas e criando outras, numa viagem que não termina. O assassino, Monsieur Poirot, é o relógio.

A edição de videoclipes é a cara da vida real. Overdose de informação, gente desfocada e uma certa vertigem. Mudam-se regras e valores em segundos. Paixões começam e terminam, pessoas nascem e morrem, empresas crescem e sucumbem, nada mais é secular: no máximo, pertence a esta década, que já está tão antiga quanto o dia de ontem.

Empurrados por este ritmo alucinante do cotidiano, fazemos uma leitura dinâmica dos fatos, entendendo por fato não só o terremoto, a eleição ou a cotação do dolar, mas nossa dificuldade em administrar uma relação amorosa, o valor que tem um parto normal ou a importância do humor nas horas ingratas. Fatos pessoais, diários, que mereceriam uma espiada menos veloz.

Não quero dar ao Governador Itamar Franco a ideia de ressuscitar as marias-fumaças. A vida não vem com air-bag: uma freada agora, a esta velocidade, seria fatal. Em frente, então. Mas que cada um saiba criar sua área privativa de descanso: um livro no final da noite, um fim de semana na praia, uma caminhada pela manhã, uma meditação básica. Refúgios que permitam continuar seguindo a viagem sem perder a melhor parte, que é nossa reflexão sobre o que acontece lá fora, já que não dá para saltar deste trem.

Martha Medeiros(Setembro de 1999)

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ser feliz no amor

A paixão existe, para o bem e para o mal, e quando acontece é difícil evitar. O trágico é quando se confunde uma paixão com um dos 300 entusiasmos que se têm numa vida. Eu disse 300? Digamos 500, para as mais arrebatadas. E por que as mais e não os mais? Porque as mulheres se apaixonam muito mais do que os homens. Quantas histórias eu ouvi contara respeito de amores mal resolvidos, traições, sofrimentos - todas escritas por mulheres. A maioria delas se queixando do homem, que não correspondeu com a mesma intensidade ou aprontou. Se esquecem de que a paixão não é um sentimento unilateral e só existe quando vivida a dois. Voltando: por que as mulheres se apaixonam tanto? Um olhar mais demorado, um telefonema na hora certa, um aperto no braço, e lá estão elas, desvairadas, prontas para qualquer loucura - quando eles permitem, é claro. Homens odeiam responsabilidades e, quando são pressionados, costumam se sair com a frase clássica: "Mas eu nunca te prometi nada". Prometeu, sim, só não disse as palavras - porque o amigo advogado avisou. Antes de conseguirem o que mais querem - e todo mundo sabe o quê -, eles fazem de tudo (e as mulheres sabem desde os 3 anos de idade que quanto mais tempo demorarem para entrar no motel maiores são as chances de que a coisa dure). Eles dizem, olho no olho, que nunca sentiram nada de parecido por mulher alguma, e elas - nós, aliás - acreditam em tudo. Mesmo assim, costumamos pedir que jurem, o que eles fazem com a maior facilidade, e aí vamos aos píncaros da felicidade. Como, em momentos de tal gravidade, alguém seria capaz de mentir? Se um homem quiser ter uma escrava a seus pés, basta que no dia seguinte à primeira transa mande flores dizendo, por escrito, tudo que ela gostaria de ouvir, que é apenas o de sempre. Só que ultimamente os homens têm verdadeiro pavor de ter uma mulher a seus pés, e o que costuma acontecer é desaparecerem no famoso dia seguinte para que não se caracterize nenhum vínculo. É dura a vida. Por mais que os tempos tenham mudado, o objetivo supremo da maioria das mulheres é ser feliz no amor. Por mais bem-sucedidas que sejam na carreira, por maiores que sejam suas glórias pessoais, se for preciso escolher entre um príncipe encantado e o resto do mundo, elas hesitam. A culpa é dos filmes e romances que, durante séculos, terminaram com a frase "e foram felizes para sempre". Tudo bem que a mulher mudou, mas ter uma carreira passou a ser importante sobretudo porque precisa se sustentar. Nunca se ouviu falar de alguma que, apaixonada, tenha dispensado o namorado para ir almoçar com uma amiga no shopping. Já eles fazem isso o tempo todo - ou você já ouviu falar de um homem normal que tenha deixado de ir ao futebol porque está apaixonado? O coração dos homens bate diferente do das mulheres, é ilusão pensar que isso vai mudar. As mulheres lutaram para se emancipar e conquistar seus direitos, mas continuam sonhando com o amor; os homens já nasceram emancipados, com todos os direitos, e não querem ouvir falar de a mor. E assim fica difícil.

Danuza Leão

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Antigamente...

Antigamente, quando ficava triste, eu queria que a alegria viesse em meu socorro em minutos, como se ela fosse a próxima estação do metrô.
Não queria atravessar ruas desertas, pontes frágeis, transversais melancólicas, não queria percorrer um trajeto longo até conquistar um estado de espírito melhor.
Queria transformação imediata: da estação Tristeza para a estação Hip-Hip-Hurra, sem escala e sem demora.
Eu era ingênua em acreditar que poderia governar meus sentimentos.
Como se fosse possível passar por estações deprimentes sem as ver, deixá-las para sempre presas no underground e saltando nas estações que interessam: Euforia, Segurança, Indepêndencia.
Os pontos turísticos mais procurados.
Viver é uma caminhada e tanto, não tem essa colher de chá de selecionar onde descer.
É preciso passar por tudo: pelo desânimo, pela desesperança, pela sensação de fracasso e fraqueza, até que a gente consiga chegar a uma praça arborizada onde iniciam outras dezenas de ruas, outras tantas passagens, e a gente segue caminhando, segue caminhando.
Locomover-se desse jeito é cansativo e lento, mas sei que não existe outra maneira consciente de avançar.
Metrôs oferecem idas e vindas às cegas.
Mantém nossas evoluções escondidas no subterrâneo.
A gente não consegue enxergar o que há entre um desgosto e um perdão, entre uma mágoa e uma gargalhada, entre o que a gente era e o que a gente virou.
Não tem sido fácil, mas sinto orgulho por ter aprendido a atravessar, em plena luz do dia, o que em mim é sombrio e intricado.
Não me economizo mais.
Me gasto.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

"Não arrisco a felicidade alheia em benefício próprio, mas não me sacrífico por ninguem.
Não vou pedir permissão aos outros para desenvolver em mim mesma, mando no meu corpo e em tudo que ele confina, coracão incluindo, consciência incluída.
Pior que a voz que cala, é o silêncio que fala.
Eu sou lúcida na minha loucura, permanente na minha inconstância, inquieta na minha comodidade.
Pinto a realidade com alguns sonhos, e transformo alguns sonhos em cenas reais.
Choro lágrimas de rir e quando choro pra valer não derramo uma lágrima.
Não gosto da vida em banho-maria, gosto de fogo, pimenta, alho, ervas, por um triz não sou uma bruxa.
Eu me exijo desumanamente.
Tenho impressão de que se eu não tiver uma vida bem argumentada ela vai se esfarelar em minhas mãos.
Sou garimpeira, quero sempre cavoucar a razão de tudo, não consigo dar dois passos sem rumo determinado."
Martha Medeiros

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O que me faz bem

Acho a maior graça. Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas não exagere...

Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.

Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal pra minha saúde.

Prazer faz muito bem.
Dormir me deixa 0 km.
Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos.
Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias.
Brigar me provoca arritmia cardíaca.
Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago.
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder toda a fé no ser humano.
E telejornais... os médicos deveriam proibir - como doem!
Caminhar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo, faz muito bem! Você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite é prejudicial à saúde!
E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda!
Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, não há tomate ou mussarela que previna.
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!
Cinema é melhor pra saúde do que pipoca!
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é melhor do que nada!

Martha Medeiros

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Carta Extraviada 5

Tudo o que vejo são telas digitais, um novo mundo feito de chips e megabytes, e você vêm falar de amor, um amor que deixaria a todos incrédulos por ser real demais.
Não recebi suas cartas, mas sei que elas foram escritas, o universo regido por ícones eletrônicos induz a fantasias telepáticas. Ser intuitiva também é uma forma de conexão, há muitas cartas extraviadas viajando pe...
lo espaço, sem fios ou cabos, sem satélites, palavras silenciadas e igualmente transmitidas. Amor é um troço raro e sempre de vanguarda.
Também escrevo minhas cartas que não são postadas, cartas digitalizadas no sonho, um mundo de excelentes intenções, nostalgias, poesias, essas coisas quase fluviais.
Você vem falar de amor de um modo que emociona, e eu vou falar de amor como se fosse sua resposta. Agradeço, primeiramente, o amor recebido e negado, demonstrado e não, seus adjetivos, seus diagnósticos e o tempo percorrido, se foi um amor de verão ou se comemorou vinte bodas anuais, o amor que sinto não é dado a configurações, o amor transcende, nunca foi mortal como a gente.
Gosto destes sons, embala o amor a rima, navego empurrada pelos ais e por sufixos e sílabas que remam, remam, aqui vão minhas palavras navais. O amor não tem ancoradouro, porto, cais – o amor é navegante e recolhe pessoas neste mar de distraídos, salva vidas. O amor que você narra e a mim dirige é amor primitivo, fora de catálogo, é sorte dos amores ambientais, estão por toda parte, para senti-lo requer apenas querê-lo. Conceitos fugazes do amor? Não creio. Há os amores produzidos e os amores naturais, os amores duros e os rarefeitos, há os que nascem do peito e os ancestrais, amores vários, todos iguais.

Em diversas cartas há seu apelo e sua culpa pelo amor não-vivido. O amor vive apesar de nós, tudo o que se sente é validado por ser existente, não sofra mais. Foram cartas não assinadas, não enviadas, talvez escritas por mais de uma pessoa, tanto faz. São cartas de amor, e mesmo com angústia e anonimato, sobrevive nelas o tesouro de um sentimento bruto, porém não violento. O amor comentado nestes tempos que correm é produto, assunto de revistas e jornais, o amor nos tempos que correm deveria ir mais devagar, aceitarem-se múltiplos, gozo, gás. Você que escreve mentalmente, você que escreve cartas para ficar, você que não sabe direito que amor é esse e que só quer se desculpar, você que ama livre e você, entre grades, você que ama em pensamento, você e você e você, nós todos e nossos amores ornamentais, que ainda nos fazem chorar e mal entender, carentes existenciais, você e você e você e nossas cartas abortadas, digamos para nós mesmos: comunicar é lindo e gritar o amor é nobre, dizer te amo é bálsamo e mais ainda, escutar. Mas o amor independe, o amor, remetente, é transcrito no olhar, há quem entenda e há quem procure lê-lo em outro lugar. Amor é carta que mesmo extraviada está ora chegando e partindo, e pode cair em mãos que não as destinadas, mas onde estiverem as palavras, escritas ou caladas, onde estiverem os desejos e seus códigos postais, não importa a data em que foram selados, serão sempre cartas de amor e amores que alcançaram seus finais.

Martha Medeiros

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

É Bom Ser Criança

É bom ser criança,
Ter de todos atenção.
Da mamãe carinho,
Do papai a proteção.
É tão bom se divertir
E não ter que trabalhar.
Só comer, crescer, dormir, brincar.
É bom ser criança,
Isso às vezes nos convém.
Nós temos direitos
Que gente grande não tem.
Só brincar, brincar, brincar,
Sem pensar no boletim.
Bem que isso podia nunca mais ter fim.
É bom ser criança
E não ter que se preocupar
Com a conta no banco
Nem com filhos pra criar.
É tão bom não ter que ter
Prestações pra se pagar.
Só comer, crescer, dormir, brincar.
É bom ser criança,
Ter amigos de montão.
Fazer cross saltando,
Tirando as rodas do chão.
Soltar pipas lá no céu,
Deslizar sobre patins.
Bem que isso podia nunca mais ter fim.

Toquinho

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Nova oportunidade... será??

Se alguém termina um namoro ou casamento, passa um tempo sozinho e depois resolve voltar só por falta de opção, está procurando sarna para se coçar. Até existe a possibilidade de dar certo, mas a sensação é parecida com a de rever um filme. Numa segunda apreciação, pode-se descobrir coisas que não haviam sido notadas na primeira vez, já que não há tanta ansiedade. Mas também não há impactos, surpr...
esas, revelações. Ficamos preparados tanto para as alegrias como para os sustos e, cá entre entre nós, isso não mantém o brilho do olho.

Se já não há mais esperança para o relacionamento e tendo doído tanto a primeira separação, não há por que batalhar por uma sobrevida deste amor, correndo o risco de ganhar de brinde uma sobrevida para a dor também. É melhor aproveitar esta solidão indesejada para namorar um pouco a si mesmo e ir se preparando para o amor que vem. Evite a marcha a ré. Engate uma primeira nesse coração.

Martha Medeiros

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Gente fina

Gente fina é aquela que é tão especial que a gente nem percebe se é gorda, magra, velha, moça, loira, morena, alta ou baixa. Ela é gente fina, ou seja, está acima de qualquer classificação. Todos a querem por perto. Tem um astral leve, mas sabe aprofundar as questões, quando necessário. É simpática, mas não bobalhona. É uma pessoa direita, mas não escravizada pelos certos e errados: sabe transgredir sem agredir.

Gente fina é aquela que é generosa, mas não banana. Te ajuda, mas permite que você cresça sozinho. Gente fina diz mais sim do que não, e faz isso naturalmente, não é para agradar. Gente fina se sente confortável em qualquer ambiente: num boteco de beira de estrada e num castelo no interior da Escócia.

Gente fina não julga ninguém - tem opinião, apenas. Um novo começo de era, com gente fina, elegante e sincera. O que mais se pode querer?

Gente fina não esnoba, não humilha, não trapaceia, não compete e, como o próprio nome diz, não engrossa. Não veio ao mundo pra colocar areia no projeto dos outros. Ela não pesa, mesmo sendo gorda, e não é leviana, mesmo sendo magra. Gente fina é que tinha que virar tendência. Porque, colocando na balança, é quem faz a diferença.

Martha Medeiros

domingo, 7 de outubro de 2012

O amor que a vida traz


Você gostaria de ter um amor que fosse estável, divertido e fácil. O objeto desse amor nem precisaria ser muito bonito, nem rico. Uma pessoa bacana, que te adorasse e fosse parceira já estaria mais do que bom. Você quer um amor assim. É pedir muito? Ora, você está sendo até modesto.

O problema é que todos imaginam um amor a seu modo, um amor cheio de pré-requisitos. Ao analisar o currículo do candidato, alguns itens de fábrica não podem faltar. O seu amor tem que gostar um pouco de cinema, nem que seja pra assistir em casa, no DVD. E seria bom que gostasse dos seus amigos. E precisa ter um objetivo na vida. Bom humor, sim, bom humor não pode faltar. Não é querer demais, é? Ninguém está pedindo um piloto de Fórmula 1 ou uma capa da Playboy. Basta um amor desses fabricados em série, não pode ser tão impossível.

Aí a vida bate à sua porta e entrega um amor que não tem nada a ver com o que você queria. Será que se enganou de endereço? Não. Está tudo certinho, confira o protocolo. Esse é o amor que lhe cabe. É seu. Se não gostar, pode colocar no lixo, pode passar adiante, faça o que quiser. A entrega está feita, assine aqui, adeus.

E agora está você aí, com esse amor que não estava nos planos. Um amor que não é a sua cara, que não lembra em nada um amor idealizado. E, por isso mesmo, um amor que deixa você em pânico e em êxtase. Tudo diferente do que você um dia supôs, um amor que te perturba e te exige, que não aceita as regras que você estipulou. Um amor que a cada manhã faz você pensar que de hoje não passa, mas a noite chega e esse amor perdura, um amor movido por discussões que você não esperava enfrentar e por beijos para os quais nem imaginava ter tanto fôlego. Um amor errado como aqueles que dizem que devemos aproveitar enquanto não encontramos o certo, e o certo era aquele outro que você havia solicitado, mas a vida, que é péssima em atender pedidos, lhe trouxe esse e conforme-se, saboreie esse presente, esse suspense, esse nonsense, esse amor que você desconfia que não lhe pertence. Aquele amor em formato de coração, amor com licor, amor de caixinha, não apareceu. Olhe pra você vivendo esse amor a granel, esse amor escarcéu, não era bem isso que você desejava, mas é o amor que lhe foi destinado, o amor que começou por telefone, o amor que começou pela internet, que esbarrou em você no elevador, o amor que era pra não vingar e virou compromisso, olha você tendo que explicar o que não se explica, você nunca havia se dado conta de que amor não se pede, não se especifica, não se experimenta em loja – ah, este me serviu direitinho!

Aquele amor corretinho por você tão sonhado vai parar na porta de alguém que despreza amores corretos, repare em como a vida é astuciosa. Assim são as entregas de amor, todas como se viessem num caminhão da sorte, uma promoção de domingo, um prêmio buzinando lá fora, mesmo você nunca tendo apostado. Aquele amor que você encomendou não veio, parabéns! Agradeça e aproveite o que lhe foi entregue por sorteio.

Martha Medeiros

sábado, 6 de outubro de 2012

A grama do vizinho



Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma.

Estamos todos no mesmo barco.

Há no ar certo queixume sem razões muito claras.

Converso com mulheres que estão entre os 40 e 50 anos, todas com profissão, marido, filhos, saúde, e ainda assim elas trazem dentro delas um não-sei-o-quê perturbador, algo que as incomoda, mesmo estando tudo bem.

De onde vem isso? Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero, uma música que dizia:

"Eu espero/ acontecimentos/ só que quando anoitece/ é festa no outro apartamento".

Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são, ou aparentam ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.

As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias, mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas, quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim. Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente.

Só que os motivos pra se refugiar no escuro raramente são divulgados.

Pra consumo externo, todos são belos, sexy, lúcidos, íntegros, ricos, sedutores.

"Nunca conheci quem tivesse levado porrada/ todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo".

Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje, vendendo um mundo de faz-de-conta. Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar que a vida da gente tem graça. Mas, tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros, fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. Ou será que é tão divertido passar dois dias na Ilha de Caras fotografando junto a todos os produtos dos patrocinadores? Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige? Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no sofá pintando as unhas do pé? Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista.

As melhores festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

Martha Medeiros

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Chega de recordações, viva o presente

O que fazer dos velhos discos, aqueles que você guardou porque achou que eram importantes – e que trazem, cada um deles, lembranças de momentos vibrantes, como paixões que pareciam de filme francês ou dores de cotovelo inesquecíveis? Naquele tempo tudo era festa, até os sofrimentos por amor. Mas, voltando aos discos: ouvir, nunca mais, pois o toca-discos (esse móvel? objeto?) já pertence à pré-história. Mas eles estão lá, na estante, e é preciso ter nervos de aço, sem sangue nas veias e sem coração, para se desfazer deles. Como nem o porteiro, que sempre resolve esse tipo de problema, tem toca-discos, só mesmo a lata de lixo, que tristeza! Além dos discos, tem as fitas e, além das fitas, os CDs, que depois do iPod fazem parte de um passado remoto. Quanto maior a quantidade, maior o problema; encarar o passado não é fácil, e sessões de nostalgia costumam terminar mal. Algumas fotos trazem lembranças alegres de tempos felizes que nunca mais. E “nunca mais” são duas palavras difíceis de aceitar – tratem elas de um homem ou de coisas muito mais sérias, como o cigarro que você deixou e que também nunca mais.
Se num dia de chuva der aquela vontade de puxar uma tristeza, pense na noite de ontem, em que você não fez nada de extraordinário além de ver um filme na televisão comendo uma pizza; pois fique sabendo que até esse momento banal faz parte do “nunca mais”. E, se quiser ficar ainda pior, nada como abrir a caixa das fotos: vai ter um belo dia pela frente, e não diga que eu não avisei. O que fazer, afinal, desse monte de coisas que é nossa vida – aliás, foi nossa vida? Se tiver coragem, jogue tudo em um saco de lixo, leve para o sítio e prepare uma bela fogueira. Mas quem consegue? Quem sabe você fica aliviada, leve, achando que se livrou do passado, que a partir dali é só o presente e o futuro. Mas não tenha tanta certeza assim; quem somos nós se não temos passado?
A gente acaba empurrando com a barriga e adiando – quem sabe um dia desses, com um amigo para ajudar, tomando um uísque e ouvindo Roberto Carlos. E ainda tem mais: além dos discos, fitas e fotos, tem os recortes de jornais e revistas. Não é fácil jogar fora o recorte com seu nome publicado pela primeira vez num jornal. Aquela página amarela arrasa, mas lembra o que você sentiu quando viu sua primeira foto numa revista? A vida é mesmo curiosa: tudo o que se guarda é para lembrar, e tem uma hora em que só se quer esquecer, vai entender. E tem as cartas, ai, meu Deus. As de amor, assim como as fotos desse tempo, é de praxe que sejam rasgadas logo que o namoro acaba – e reze para que as que você escreveu tenham sido destruídas, pois, se alguma viesse parar em suas mãos, seria caso de morrer, tal a vergonha.
A natureza humana é espantosa; como as pessoas são diferentes umas das outras. Penso, com inveja, nas que vão às festas do tipo “parece que foi ontem” e nas que se encontram uma vez por ano com as amigas do colégio para falar do passado. E nas famílias que se reúnem aos domingos para almoçar e, depois, olham fotos de viagem, fitas de vídeo feitas nas férias, comentam sorrindo como os netos cresceram e, depois, vão dormir sem nem precisar tomar tranquilizante, na mais completa paz. Elas não sabem quanto são felizes.

Danuza Leão

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

SOLIDÃO CONTENTE


O que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas


Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre solidão feminina com alguma incompreensão.

Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.
Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente e mora sozinha.
Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.
Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa, disse a prima. Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas.
Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.
Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.
Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.
A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.
A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta.. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.
Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?
A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior com apoio da publicidade.
Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando senão a economia não anda.
Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.
Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.
Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.
Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos.

Ivan Martins

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Fica a dica...

"Mulher apaixonada pode até ser meio boba às vezes, aceitar alguns vacilos e perdoar outros. Mas quando ela desencanta, ah cara, não tem ''Eu te amo e não vivo sem você!'' que faça ela se encantar de novo. Valorize enquanto a tem, porque depois que você se tocar que perdeu, tenho certeza que ela já vai estar em outra, com outro. Mulheres quando amam, amam intensamente. Mas quando desencantam, superam mais rápido que os homens."

O tempo

O tempo é um barquinho que desliza sobre as horas e leva para além do horizonte o que tiver de levar. O que é de ficar, fica - passe o tempo que passar.
Fica o cheiro, vão-se as mágoas.
Fica o gosto, vai-se o toque.
Fica a lembrança, vai-se a presença.
Com um oceano inteiro pela pela frente, impossível ele voltar.
A gente também segue com a maré, mas nunca se esquece do barquinho que um dia passou e recolheu tudo que era pra acabar.

Sabrina Davanzo

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pensamentos secretos


Será que alguém conhece alguém de verdade? Nunca aconteceu de morrer uma pessoa de sua família e começarem a rolar - à boca pequeníssima - umas histórias que você jamais imaginou, nem em sonhos? Amores secretos, traições, heranças mal resolvidas - e sexo, claro. Aliás, nem é preciso esperar que a pessoa morra. Se tiver uma tia bem indiscreta, daquelas consideradas loucas pela família - e quem não tem uma tia assim? -, vai saber de histórias que nunca imaginou que existissem, a não ser na cabeça de Nelson Rodrigues. Quais são as pessoas mais próximas a você? Teoricamente, seus pais e seus filhos. E você acha que sabe como eles são, as coisas que já fizeram ou que são capazes de fazer? Se respondeu sim, sem hesitar, cuidado: está passando o maior recibo de ingênua, e tudo indica que pode ser enrolada a qualquer momento, por qualquer um. Aquela senhora tão distinta e aquele senhor tão considerado: não dá para acreditar que tenham experimentado os desejos mais violentos por outros/outras que não o próprio cônjuge. E mais: já imaginou que eles, mesmo com a cabeça branca e tão sensatos, já fizeram loucuras e transaram com tanta paixão quanto todas as pessoas do mundo?


Você, por exemplo? Pense um pouco: será que seus pais têm uma vaga idéia do que já foi capaz de aprontar? E acha que eles são diferentes? Por quê? No mínimo, por uma questão de DNA, vocês têm alguma coisa em comum. Mas é difícil para um pai admitir a sexualidade dos filhos; tanto quanto para um filho admitir a sexualidade dos pais. No fundo, todos gostaríamos que eles - nossos pais e nossos filhos - apreciassem música clássica e se unissem a pessoas de sentimentos nobres, com quem tivessem filhos bonitos e inteligentes, de preferência como a Virgem Maria: sem sexo. É claro que somos modernos e esclarecidos, vivemos a época da pílula e da liberação sexual, tivemos a sorte de ser da geração pré-aids - e aliás aproveitamos -, mas em relação a nossos pais continuamos tão caretas quanto se vivêssemos no século retrasado. E em relação a nossos filhos também.

Bem, agora que ficou claro que não conhecemos nem nossos pais nem nossos filhos, responda: e você, se conhece perfeitamente? Quando deita a cabeça no travesseiro tem a coragem de pensar - só pensar - em seus desejos mais secretos? Ou se enrola e toma um Lexotan para evitar esse tipo de pensamento? Eles são tão perigosos que podem ser pecaminosos; quem não se lembra do tempo em que era criança e se ajoelhava para confessar aqueles grandes pecados de quando se tem 10 anos? Sempre surgia aquele inevitável "pequei por pensamentos", que nos acompanha pela vida inteira. Ah, a culpa pelos maus pensamentos; e que maus pensamentos são esses? Ter desejado a mulher - ou homem - do próximo? E desejar um homem que não tem dono, pode? E quem é que está assim tão solto na vida para que se possa desejar sem pecar? Ah, o tal do pecado.

Danuza Leão